Havia contudo uma clara concepção de beleza e de arte que
orientava a sua prática artística.
O conceito de BELEZA – KALOS tinha um significado vasto: significava tudo o que
agrada, atraí e provoca admiração
A palavra belo era aplicada a uma multiplicidade de possibilidades variada:
Instrumentos humanos, obras de arte, natureza, valores morais, etc…
“O mais justo é o mais belo” Oráculo de Delfos
ARTE - TECHNE
Os Gregos tinham também um significado muito lato para a palavras Arte (Techne)
Aqui estavam incluídas todas as produções humanas, da carpintaria à
arquitectura.
O significado de Techne é o de produção humana por oposição à natureza
Tecne era considerada uma actividade mental e por isso um produto do conhecimento
No início não se fazia a distinção entre Artesanato e Belas Artes
Arte e Poesia
Para os gregos antigos, música e poesia eram classificados noutra categoria de
actividades, com uma definição mais próxima do que consideramos hoje em dia
arte.
Tratava-se de actividades que não resultavam apenas de uma habilidade
aprendida, mas de talento pessoal e da inspiração. Além disso, muitas
esculturas tinham uma finalidade meramente religiosas. Não eram vistas como
obras de arte.
A Poesia era para os gregos uma manifestação artística que não cabia na
categoria da Techné, isto é, não depende de canons nem de leis universais, mas
sim da Inspiração.
Tecné era uma espécie de produtividade associada a tipos de destreza.
Poesia era uma criação interna que depende da inspiração dada por poderes
divinos.
Para os Gregos a Poesia estava acima de todas as artes. Havia Musas para todas
os tipos de poesia: lírica, elegíaca, erótica, tragédia, comédia, relacionadas
com estas surgiram também musas associadas à música e à dança, artes que sempre
estiveram associadas à poesia, mas nunca houve Musas de Artes Visuais.
AS 9 MUSAS
Calíope- Bela voz- Eloqüência-Tabuleta e buril
Kleio- A Proclamadora- História- Pergaminho parcialmente aberto
Erato- Amável- Poesia Lírica- Pequena Lira
Euterpe- A doadora de prazeres- MúsicaFlauta-
Melpômene, A poetisa- TragédiaUma máscara trágica, uma grinalda e uma clava
Polímnia- Polyhymnia- A de muitos hinos- Música Cerimonial (sacra)- Figura
velada
Tália,Thaleia- A que faz brotar flores- Comédia- Máscara cómica e coroa de hera
ou um bastão
Terpsícore, A rodopiante- DançaLira e plectro
Urânia, A celestial- Astronomia, Globo celestial e compasso
POESIA
Os primeiros prenúncios da Estética fizeram-se sentir na Poesia, antes de
qualquer texto teórico ou filosófico
Os primeiros poetas gregos colocaram questões, que no fundo foram mais tarde as
grandes questões da Estética.
Ex. Qual a origem da Poesia?; Qual o valor da Poesia?; O discurso poético
expressa a Verdade? etc…
PERÍODO MITOLÓGICO- POÉTICO
Período Mitológico- Poético
Período Pré-Socrático, representado culturalmente sobretudo por poetas
Na poesia o adjectivo kalos, surge com frequência. Por ex.:
Hésiodo: “Quem é belo é querido, quem não é belo não é querido”
A “Beleza” inicialmente não tem um estatuto autónomo, surge associada a
qualidades morais, como a justiça, ou a bondade
HOMERO
Foi o primeiro grande poeta grego do género épico cuja obra chegou até nós.
Teria vivido e morrido no século VIII a.C.
Pelo século VIII a. C. aparecem as epopeias inspiradas na lenda da Guerra de
Tróia: a Ilíada e a Odisseia. Segunda o tradição, o seu autor é Homero, poeta
cego e nómada cuja actividade literária se baseia nas tradições orais,
transmitidas de geração em geração, sobre as expedições gregas a Tróia (no
Noroeste da Ásia Menor).
Já antes do início do pensamento filosófico, as riquíssimas obras de Homero
(Ilíada e Odisseia) tendem a aproximar os deuses dos homens, num movimento de
racionalização do divino. Os deuses homéricos, que viviam no Monte Olimpo,
possuíam uma série de características antropomórficas.
A Poesia precede o pensamento racional e estruturado que caracteriza a
Filosofia ou a Estética.
Neste período o pensamento dominante é o mitológico e a Poesia é a sua mais
elevada expressão
A poesia expõe pela primeira vez na Grécia Antiga o pensamento estético
Em Homero a fonte da Beleza é a natureza (Belo Natural)
Depois da Natureza, refere-se a mulheres e também aos homens
Em Homero há uma ligação entre o Belo e o Útil: Talvez tudo o seja belo seja
útil, mas nem tudo o que é útil é belo
ex.: As terras belas não são belas por causa das sementeiras mas por causa da
cor das searas
Ex.: “O adolescente é sempre Belo, tudo lhe fica bem, mesmo na morte, tudo nele
é belo”
Em Homero o belo aparece associado ao Bem, à Conveniência e ao decoro.
Conveniência: É uma harmonia entre o humano, o meio e os seres
Temas estéticos em Homero
De onde vem a poesia?
Vem das musas, dos Deuses
- Qual é o objectivo da Poesia?
É espalhar a alegria, a fruição e o encanto entre os humanos
-Qual o efeito da poesia nos seres humanos?
A poesia é como um feitiço, um encantamento
-Para Homero a poesia não é vista como uma arte autónoma, mas como um
privilégio que vem dos deuses.
Porque é que Homero faz questão de atribuir às Musas e não a si próprio a
capacidade de produzir o memorável?
Homero relata-o a lenda, do poeta Támiris, o Trácio. Atribuindo a si próprio a
genialidade dos seus poemas, Támiris desafiou as Musas para um duelo. Tendo
sido derrotado, as Musas lhe tomaram o talento e a visão.
O poeta faz questão de depender das Musas porque tal associação o enobrece.
Ele considera-se o discípulo e o favorito dos deuses. Assim, de certo modo, é
como se deles descendesse.
Homero faz Ulisses declarar que "entre todos os homens da terra, os poetas
merecem honra e respeito, pois a eles a Musa, que ama a raça dos poetas,
ensinou".
•Com isso, o poeta conquista a liberdade de cantar, nas palavras de Telémaco,
na "Odisseia", "por onde quer que a mente o conduza".
•Se não tivesse sido atribuída origem divina às palavras do poeta, elas jamais
teriam conquistado semelhante liberdade.
Quem legitima a liberdade do poeta são as Musas, mas quem garante a existência
das Musas é o poeta.
A evidência de que as Musas possuem o poeta é sugerida pelos versos nos quais o
poeta Teógnis afirma que as Musas cantavam "um belo poema: o belo é nosso,
o não belo não é nosso".
A beleza dos poemas é prova de sua origem divina, e sua origem divina legitima
a liberdade do poeta.
Por direito, seus poemas são belos por serem divinos; de facto, porém, são
divinos por serem belos.
O objectivo do poeta não é fazer o poema "verdadeiro", mas fazer, por
onde quer que – sua Musa – o leve, o poema inesquecivelmente belo, o poema
memorável pela sua beleza; e a primeira exigência do seu público não é escutar
um poema "verdadeiro", mas um poema cuja origem se encontre na
dimensão da divindade ou seja, um poema que lhe dê prazer estético, pois o
"cantor divino" é, como se lê na "Odisseia", aquele que
"delicia ao cantar".
Uma vez que o puro esplendor e beleza do poema constitui a prova da sua autoria
divina, nele as considerações morais ou religiosas estão subordinadas a
considerações estéticas.
Para Homero os poetas tinham uma tarefa divina:
“A sabedoria dos poetas vem das Musas” Íliada, II, 484
“A poesia é mais durável que a vida” Odisseia, VIII, 578
Poesia Lírica
A Poesia lírica nasceu na Grécia antiga acompanhada de instrumentos musicais
como a Lira e a Flauta, nos versos de Safo e Alceu
Há poetas líricos Eróticos, Heróicos e Elegíacos
Com os poetas líricos a beleza vai-se tornando individual e humana
Ex. A Beleza é a juventude” Safo
A beleza aplica-se também ao som da harpa, da lira e à arte no geral enquanto
produto humano.
Para os poetas líricos há uma antropomorfização da Beleza. Por ex. As paisagens
tornam-se estados de alma
SAFO
A Poesia lírica nasceu na Grécia antiga acompanhada de instrumentos musicais
como a Lira e a Flauta.
Safo foi uma poetiza grega que viveu no ano 600 a. C..viveu na cidade Lesbos de
Mitilene, acivo centro cultural no século VII a.C.. Nascida algures entre 630 e
612 a.C., foi muito respeitada e apreciada durante a Antiguidade, sendo
considerada "a décima musa“ por Platão.
Safo era comparada a Homero em plena Antiguidade
Still holding in that fearful leap
(By her loved lyre) into the deep
And dying, quenched the fatal fire
At once, of both her heart and lyre”
Thomas Moore, Evenings in Greece,1826
Ainda em queda nesse salto temeroso
(Pela sua amada lira) dentro das profundezas
E ao morrer, apagou o fogo fatal
do seu coração e da sua lira, por um único golpe.
A sua poesia, devido ao conteúdo erótico, sofreu censura na Idade Média por
parte dos monges copistas,que mandaram queimar a sua obra e o que restou foram
escassos fragmentos.
Contavam que se tinha suicidado saltando de um precipício na ilha de Leucas,
apaixonada pelo marinheiro Faonte - facto que é descrito também em Menandro,
Estrabão e Ovídio.
Não há consenso de que isto seja verdade. Escritos sobreviventes atestam que
Safo teria atingindo a velhice, e o certo é que não se sabe como nem quando ela
morreu, sendo considerada por alguns a maior de todas as poetisas.
“Um homem belo, só o é na aparência. O homem bom será igualmente belo.”
“A morte é um mal. Foi assim que os deuses o entenderam; de contrário, seriam
mortais”.
"Safo era maravilhosa pois em todos os tempos que temos conhecimento não
sei de outra mulher que a ela se tenha comparado, ainda que de leve, em matéria
de talento poético." Estrebão
SAFO - Citações